Apresentação do cristão para com Deus perante as autoridades
Texto: 1- Toda alma esteja sujeita
às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as
autoridades que há foram ordenadas por Deus.
2- Por isso, quem
resiste à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão
sobre si mesmos a condenação.
3- Porque os magistrados
não são terror para as boas obras, mas para as más. Queres tu, pois, não temer
a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela.
4- Porque ela é ministro
de Deus para teu bem. Mas, se fizeres o mal, teme, pois não traz debalde a
espada; porque é ministro de Deus e vingador para castigar o que faz o mal (Rm 13. 1-4).
Para
Paulo o cristão deverá ser sujeito às autoridades, desde o momento em que esta
é instrumento de Deus para a perpetuação da justiça. Portanto, para compreensão
do texto é necessário dividi-lo em três tópicos: limites da sujeição às
autoridades, o dever das autoridades e o papel do cristão diante das
autoridades.
Limites da sujeição às autoridades
O
apóstolo não define que o cristão deverá ser submisso a autoridade tal, como
por exemplo, submisso ao governo do Brasil. O que Paulo notifica é a existência
de uma humanidade em que há autoridades e submissos a esta autoridade. Deus age
por meio de seus decretos e o segundo decreto de Deus se chama providência,
sendo que Deus prover por meio da organização, isto é, por meio da ordem, e as
autoridades existentes são constituídas por Deus para manter a ordem.
Porém,
quando a autoridade palmilha na contra mão do querer de Deus as mesmas não
deverão ter o respeito e nem a submissão dos cristãos, mas importa obedecer a Deus do que aos homens (At 5.29).
Toda autoridade vem de Deus.
Quando qualquer autoridade ordena que seja feito o que Deus proibiu, ou proíbe
aquilo que Deus ordenou, o cristão deve obedecer ao Senhor de todas as
autoridades, o próprio Deus. Nós nos submetemos à autoridade governamental
porque quem instituiu a autoridade foi o próprio Deus. Quando nos submetemos ao
governo estamos submetendo-nos a Deus (RADMACHER; ALLEN; HOUSE,
p.303).
Em
suma, a obediência à autoridade deverá ocorrer:
Porque
o governo civil está sujeito ao decreto de Deus.
E
também, porque o estado foi instituído para ser agente da justiça (Rm 13.4).
Porém,
quando o governo deixa de exercer sua função, este deixa de ser ordenança
divina, pois abandonou o propósito da sua criação. O cristão não poderá obedecer
ao estado quando este requer a desobediência a Palavra de Deus. Logo, surge
também a definição do dever do cristão perante a ordem pública.
Em uma sociedade
democrática, o cristão tem parte na administração civil, devendo fazer tudo
aquilo que lhe é possível para que as ações dessa autoridade estejam em
conformidade com a Lei moral de Deus (RADMACHER; ALLEN; HOUSE,
p.398). Caso as lideranças não atentam para as ações benéficas e violem os
princípios bíblicos, tal liderança deverá ser alertada, assim como fez João
Batista ao reprender Herodes (Lc 3.19) e também como fez Daniel ao dizer para Nabucodonosor,
abandona os teus pecados, praticando a
justiça (Dn 4.27).
O dever das autoridades
As
autoridades foram instituídas por Deus, logo o primeiro dever das autoridades é
uma ação competente para com a organização da sociedade. A organização social
do governo deverá atender as necessidades básicas do povo, como por exemplo,
administrar os recursos existentes e criar estratégias para o aumento destes
recursos.
Vale
citar que é dever do estado promover a paz, pois
não traz debalde a espada (Rm 13.4). A presença da espada indica o poder da
autoridade para punir os que fazem o mal, garantindo assim a paz pública.
Por
fim, as autoridades foram instituídas por Deus, logo cabe às autoridades
obedecerem a Deus e a Palavra de Deus.
Papel do cristão diante das autoridades
O
dever do cristão conforme o apóstolo Paulo pode ser definido em ser sujeito
pela consciência e na lealdade ao pagamento dos impostos. A sujeição pela consciência
corresponde a obedecer ao governo não apenas por ser um dever civil, mas por
ser um dever espiritual. Os impostos existem para serem pagos. É de
responsabilidade dos cristãos o pagamento dos impostos.
Porém,
em uma sociedade democrática, o cristão
tem parte na administração civil, devendo fazer tudo aquilo que lhe é possível
para que as ações dessa autoridade estejam em conformidade com a Lei moral de
Deus (RADMACHER; ALLEN; HOUSE, p.398).
Portanto,
a sujeição às autoridades deverá ser interpretada no seu aspecto histórico,
pois no período em que Paulo escreve a Igreja em Roma, Nero era o imperador e
perseguia os cristãos. Mesmo assim, era
dever dos cristãos obedecer ao sistema governamental até o ponto em que este
não desobedecesse a Lei de Deus. Pois, o sistema governamental e não o governo
é proveniente de Deus.
REFERÊNCIA
RADMACHER, Earl D. ALLEN, Ronaldo B. HOUSE, H. Wayne. O Novo comentário Bíblico Novo Testamento. Rio de Janeiro: Editora Central Gospel, 2013.
RICHARDS. Lawrence O. Comentário Histórico-Cultural do Novo
Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2008.
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